Arquivo do dia: 09/11/2013

NOS RASTROS DO AMADO

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Comentário do dia:
Orígenes (c. 185-253), presbítero, teólogo
Homilias sobre o livro de Josué, n°9, 1-2; PG 12, 871-872 (trad. Breviário)
 
Ser uma pedra viva
 
Todos nós que acreditamos em Jesus Cristo somos chamados «pedras vivas», segundo as palavras das Escrituras: «vós, como pedras vivas, entrais na construção de um edifício espiritual, em função de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus, por Jesus Cristo» (1Ped 2,5).
Ora, quando se trata de pedras terrenas, sabemos que se colocam nos alicerces as mais sólidas e fortes, para que se lhes possa confiar a sobrepor todo o peso do edifício; da mesma maneira, deve entender-se que também de entre as pedras vivas algumas estão colocadas nos alicerces deste edifício espiritual.
Quais são essas pedras que estão colocadas nos alicerces? Os apóstolos e os profetas. É o que ensina Paulo, quando diz: «edificados sobre o alicerce dos apóstolos e dos profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus» (Ef 2,20).
Para te adaptares mais eficazmente, ó ouvinte, à construção deste edifício, para seres uma das pedras mais próximas do alicerce, repara que o próprio Cristo é o alicerce deste edifício que estamos a descrever.
Assim se exprime o apóstolo Paulo: «ninguém pode pôr um alicerce diferente do que já foi posto: Jesus Cristo» (1Cor 3,11).
Felizes, portanto, aqueles que vão construindo edifícios religiosos e santos sobre tão nobre fundamento.
 
 

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NOS RASTROS DO AMADO

O CÂNTICO ESPIRITUAL DE JOÃO DA CRUZ

Dentre as inúmeras riquezas presentes na obra de João da Cruz, e em particular no Cântico Espiritual, vale assinalar sua abertura ao mundo, sua sensibilidade estética e sua delicadeza e cortesia para com todos os elementos da criação.
É assombrosa sua capacidade poética de abrir os olhos dos leitores para a beleza da natureza, para a maravilha inaugural de suas nuances; mas também para as paisagens interiores. É também contagiante sua liberdade de reflexão, sua ousadia de avançar para além dos exoterismos instituídos e relativizar as mediações humanas; uma liberdade que alonga as cordas sem quebrar o valor da domiciliação identitária.
É um mistico que coloca o leitor diante de um Deus que é permanente surpresa, um Deus que é movimento e abertura.
A leitura de João da Cruz favorece sempre a abertura, transmite para os leitores uma atmosfera estética de largueza, de transparência, de gratuidade, sensibilidade, sabor e perfume. Sua poesia sobreviveu à obscuridade da prisão, às resistências institucionais e ao clima da inquisição.
Não há rastros deste clima em sua poesia livre. Num tempo marcado por representações sombrias de Deus, da irrupção do medo e da culpabilidade, João da Cruz quebra esta barreira apresentando uma imagem de Deus diferente, de um Deus amoroso e benevolente, um Deus cheio de graça e beleza, um Deus rico de futuro.
 
(Publicado no livro: Faustino TEIXEIRA (Org). Nas teias de delicadeza. São Paulo: Paulinas, 2006, pp. 57-101)
 

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O CÂNTICO ESPIRITUAL DE JOÃO DA CRUZ

A via purgativa
 
O poema do Cântico Espiritual começa com o grito da amada: “Onde é que te escondeste, Amado e me deixaste sem sentido” (CB 1). A amada expõe aqui sua grande ânsia de amor, retomando a conhecida petição da esposa do Cântico dos Cânticos: “Mostra-me, ó amor de minha alma, onde pastoreias…” (Ct 1,7). Fala-se aqui de um ocultamento do Amado, de alguém que se retrai face a “todo humano entendimento” (CB 1,3). Não há como alcançar nesta vida a completa visão de Deus.
Não há acesso para a “substância dos segredos” senão seguindo a via de Moisés, que se colocou na “fenda da rocha” e viu o mistério “pelas costas” (Ex 33,22 – CB 1,10)[30]. Mas mesmo que oculto, este mistério está gravado em cada alma.
É o que sublinha João da Cruz quando indica que o Amado mora no seio da alma (CB 1,10)[31].
Faz parte da trajetória purgativa da amada, buscar libertar-se de seus antigos hábitos, romper com as “distrações” que a afastam de seu objeto amoroso, alhear-se de todas as coisas e criaturas (CB 8-9).
Daí a necessidade da amada também esconder-se em sua interioridade, pois não é fora de si que ela poderá encontrar o Amado: “Que mais queres, ó alma, e que mais buscas fora de ti, se tens dentro de ti tuas riquezas, teus deleites, tua satisfação, tua fartura e teu reino” (CB 1,8). O Amado habita o interior da amada, mas ela não o percebe pois ele está escondido. Ela necessita “sair” para dentro de si, e escondida em seu interior será capaz de encontrá-lo e senti-lo (CB 1,9)[32].
Os comentários de João da Cruz sobre a primeira estrofe do Cântico Espiritual acabaram sugerindo para alguns a idéia de que a experiência mística leva ao distanciamento do mundo e ao alheamento das criaturas. De fato, João da Cruz faz menção à necessidade do “esquecimento” de todas as coisas e ao “alheamento” das criaturas (CB 1,9) para o progresso da vida espiritual.
Para ele, não há como participar da comunhão com o Amado senão permanecendo com ele escondido. Esta concentração no Amado é um passo específico do momento purgativo, mas não significa um desconhecimento do valor da criação e das criaturas. Os estudiosos de João da Cruz mostraram com pertinência esta questão. É o caso de Jean Baruzi, que assim se expressou a respeito:
A permanência junto ao Amado é sublinhada com ênfase no Cântico.
É na medida em que a amada “está toda unida” com ele que pode então chamá-lo de Amado (CB 1,13). Esta é uma bela passagem que convoca à memória alguns importantes místicos sufis, entre os quais o egípcio Dhū-l-Nūn (séc.IX d.C), que dizia: “Oh Deus, diante dos outros te invoco: Oh meu Senhor! Mas na solidão te chamo: Oh meu Amado (habīb)”[34]. Faz lembrar igualmente o belo sermão de São Bernardo, em seu comentário do Cântico dos Cânticos: “Quando o Esposo é presente e a esposa dirige a ele sua palavra, então vem chamado ´Esposo` ou ´querido`, ou mesmo ´aquele que é a minha alma`; falando dele aos jovens o chama ´Rei`”[35].
A amada enamorada anseia por seu amor, mas ele é como o cervo que escapa com rapidez, deixando-a “com gemido”. Mas como não pode mais descansar ou achar alívio longe de sua presença, como não pode suportar a dor de sua ausência, ela vive sob um “contínuo gemido” (CB 1,14)[36]. Não se trata, porém, de um sentimento que sinaliza um desespero, mas é marcado pela esperança paulina, como descrita em Rm 8,23. A amada foi ferida de amor e “cauterizada com amoroso fogo” (CB 1,16). São feridas singulares, que inflamam a vontade e o coração, acendendo o radical desejo de amor: “a alma por amor é reduzida a nada, sem mais coisa alguma saber senão amor” (CB 1,18)[37]. As feridas produzidas pelo Amado são como “toques de amor”, que não deixam arrefecer na alma sua viva lembrança (CB 1,17 e 19). E é animada por este “apetite” que a amada SAI em busca do Amado, “na força do fogo produzido pela ferida” (CB 1,20). Como uma caçadora, segue os rastros do Amado, numa direção que é única: a do amor. E a decisão de sair guarda consigo exigências bem precisas: significa abandonar “o modo rasteiro de amar” e voltar-se para o “elevado amor de Deus”, num estado de permanente enamoramento (CB 1,21). Há que assinalar o fato de João da Cruz trabalhar aqui com imagens que também estão presentes no Cântico dos Cânticos. Como indica Thompsom, é ali que o místico encontra suas imagens fundamentais: “um Amado ausente, uma partida, uma ferida e um grito de dor, que se assemelha ao do cervo”[38].
 

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Em sua saída a amada clama aos pastores mensageiros[39] por informação mais segura do Amado e a eles expressa a dor de uma ausência: “se porventura virdes aquele a quem mais quero, dizei-lhe que adoeço, peno e morro” (CB 2).
A insana busca continua por montes e ribeiras. Na peregrinação da amada nada a pode desviar de sua concentração no Amado: nem flores, nem feras, fortes ou fronteiras. A ele está inteiramente dedicada. Não há como romper o umbral que aponta para além mantendo-se amarrada aos “contentamentos e deleites” que a vida pode oferecer (CB 3,5).[40] A busca espiritual exige um desapego radical. Diz a amada: “não apegarei meu coração às riquezas e vantagens que me oferecer o mundo” (CB 3,5)[41].
Em resposta à indagação da amada, as criaturas respondem que o Amado “passou por estes soutos com ventura” (CB 5). Deixou seus rastros na beleza com que dotou todas as coisas no ato da criação. Aqui João da Cruz, como Agostinho nas Confissões, indica que na natureza pode-se captar a “formosura” do Amado.[44]
Há, de fato, uma força poética nas estrofes do Cântico que produzem no leitor admiração e espanto. Não há como se proteger ou manter distância do impacto do poema. O estupor é contagiante, como sinalizou Damaso Alonso em seu livro sobre a poesia de João da Cruz. Trata-se, para ele, de um poema que convoca à admiração e ao silêncio, e que se insere entre as “mais complexas de toda a literatura espanhola”
(Publicado no livro: Faustino TEIXEIRA (Org). Nas teias de delicadeza. São Paulo: Paulinas, 2006, pp. 57-101)
 

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Vivo sem viver em mim
[Poema: O texto completo.]

Santa Teresa de Ávila

Vivo sem viver em mim
e como a esperança de vida elevada
que morrem de não morrer.
Viver e fora de mim,
depois de morrer de amor,
porque eu vivo no Senhor,
Eu queria para si mesmo;
quando o coração foi di
colocar-me este sinal:
“Eles morrem de não morrer”.
Esta união divina,
eo amor com que eu vivo,
faz o meu Deus meu cativo
e meu coração livre;
e me faz tanta paixão
ver o meu Deus prisioneiro
que morrem de não morrer.
Oh, quanto tempo é essa vida!
O que leva esses exilados,
esta prisão e esses ferros
alma que está preso!
Basta esperar para a saída
me causar dor tão feroz,
que morrem de não morrer.
Só por causa de mim,
vida, não fique chateado;
porque morrer, o que resta,
mas viver e se alegrar?
Não se esqueça de me confortar,
morte que ANSI vai depor:
que morrem de não morrer.

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O que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e vir a perder a vida eterna?

Pensar mais na vida eterna do que neste mundo. Querer mais o premio eterno do que as felicidades passageiras. Buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça do que  se preocupar com o que comer e o que vestir.
Loucura? Sim loucura! Uma loucura que só se entende pela fé!
O mundo jaz sobre uma mórbida busca de prazer e dinheiro. Até os cristãos vivem de pedir bênçãos materiais, como na atual Teologia da Prosperidade.
Perder para ganhar…perder o que o mundo julga bom para ganhar o que o mundo julga insensato. Quando falamos em renunciar a conquista de um bem material para buscarmos mais as coisas de Deus somos chamados de loucos, insensatos ou radicais demais. Nem mesmo a maioria dos Filhos da Igreja pensam com seriedade nesse versículo.
O mais comum é ouvir: Vamos devagar, dá para conciliar a busca de meus sonhos pessoais aqui e agora com a busca pela Eternidade.  
Mas a verdade é que deixar de buscar os próprios sonhos e as seguranças materiais nos exige fé e renúncias!
Fé no amor de Deus por mim e renúncias como minha resposta a esse amor.
Se eu creio de todo meu coração que Deus é meu Pai e que me ama com um amor incondicional, eu poderei  me lançar em buscar o Reino de Deus sem me preocupar com o amanhã e irei renunciar os meus prórpios sonhos para realizar os sonhos de Deus na minha vida e na vida dos meus irmãos.
Como diz nossa querida Santa Terezinha: “Só tenho o hoje para amar a Deus.”
E que maior prova de amor  podemos dar a Deus do que confiar inteiramente em sua bondade e por isso nos lançarmos sem medo na busca por sua Vontade para minha vida?
Busquemos a eternidade, através da santidade, como nossa primeira e única meta, tudo o mais nos virá por acréscimo. Foi isso que nos garantiu Jesus!
 
Fonte: voltaparacasa.com.br
http://www.comunidadesaleluz.org.br

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ORAÇÃO

Hoje na santa missa, quando vieste a meu coração, só consegui dizer:
Obrigado! Obrigado! Agradeço!
Pelos sacerdotes que te  apresentam ao mundo com tanto amor!
Por aqueles que sentem o desejo de doar a vida a ti, vivendo renuncias e abandono.
Pelos jovens vocacionados, apaixonados pelo evangelho.
Pelos amigos que deixaram rastros de Deus em minha vida…
Eh… como é bom reencontra-los por esta peregrinação!
 
 
Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos.É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto.É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna.
Salmos, 132
 

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