Retiro espiritual
Por: DOM EURICO DOS SANTOS VELOSO
ARCEBISPO EMÉRITO DE JUIZ DE FORA, MG.
Santa Tereza afirmava que Deus sempre quer nos falar, mas o mundo faz tanto barulho que não o podemos ouvir. “Tudo o que é definitivo nasce e amadurece no seio do silencio: a vida, a morte, o além, a graça e o pecado. O palpitante está sempre latente”, escreve Inácio Larrañaga.
Nas atividades do dia a dia nós nos perdemos. Deixamos até de pensar, como escreveu Pascal em um fragmento, um rascunho, talvez perdido em uma gaveta: “O homem foi feito para pensar; nisto a sua dignidade e seu mérito. Seu único dever consiste em pensar bem ; e a ordem do pensamento está em começar por si, por seu autor e por seu fim. Ora em que pensa o mundo? Jamais nessas coisas…” e conclui Sertillages, que cita o texto: “É preciso meditar muitas vezes sobre Deus, conceber a unidade da vida e a sua exigência de progresso, ter uma visão simples de nossas relações e do nosso destino tão confusos pelo movimento habitual do mundo”. O espírito foi feito para pensar e julgar no Espírito de Deus.
O retiro nos leva às condições para a realização desta grandeza humana:”pouco menor que os anjos fizeste o homem”, reza o salmo. No silêncio, vamos nos encontrar, primeiro conosco mesmos. Saber que somos criaturas privilegiadas e como temos respondido a essa nossa dignidade. Por atos penitenciais e de fé, no arrependimento, encontraremos a misericórdia de Deus no perdão. Nele apoiados planejamos uma vida nova. No silêncio e na oração, Deus nos revela sua face e nos fortalece como fortaleceu a Cristo nas tentações.
Sistematizando esses movimentos, Santo Inácio de Loiola, escreveu um roteiro, chamado “Exercício Espirituais”. Não é um roteiro para ser lido apenas, ainda que com muita atenção, mas para ser vivenciado. Por quarenta dias se estendem os exercícios, levando-nos da primeira semana na conscientização de nossa fraqueza e da falta de correspondência à graça, ao pedido de perdão pela misericórdia e, em vista do nosso destino eterno, à resoluções firmes de uma nova vida. Foi a própria experiência que traduziu nestas páginas. Foi a experiência que exigia de todos os que queriam alcançar uma vida de humana perfeição na adesão à bandeira de Cristo.
Esse esquema é o seguido nos retiros que se fazem na Igreja em busca de um crescimento espiritual necessário para todos nós. Longe do barulho, procuramos examinar nossa vida e nosso atos confrontando-os com o Evangelho e, confiados na bondade divina, partir para uma vida nova, consciente de que o Reino de Deus está dentro de nós, Reino que é paz e alegria no Espírito Santo (Cf. Rm 14, 17).
Vivemos hoje um mundo de muitas solicitações. Não temos tempo para nada, tal o volume e velocidade de informações. Somos desviados pelas imagens e cultura para as concupiscências alheias ao espírito. Então o retiro, o recolhimento e a oração tornam-se mais necessários para superarmos as forças negativas e nos realizarmos como pessoas criadas à imagem e semelhança de Deus, nos tornarmos à imagem de Cristo.
Santo António foi definido pela Igreja “Doutor Evangélico”, porque fez do Evangelho a única razão da sua vida. Viveu conforme os critérios do Evangelho, anunciou com todo o vigor a Boa Nova e manifestou, com numerosos sinais, a verdade dessa Palavra. A palavra e o silêncioSanto António viveu a juventude e a primeira fase de vida adulta no estudo, no silêncio, na contemplação e no serviço humilde. Só quando o Espírito lhe indicou que tinha chegado o momento certo é que, então, se dedicou inteiramente ao anúncio da palavra.Frei SeverinoEsta referência a Santo António vem a propósito da Mensagem que o Papa Bento XVI publicou, no mês passado, por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais, cujo título era: “Silêncio e palavra: caminho de evangelização”. O Papa chamava a atenção sobre a importância da relação entre silêncio e palavra, “dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas”.O silêncio é o berço da palavra e, após a palavra, é o lugar onde esta é guardada e interiorizada, para ser levada ao amadurecimento e a dar fruto na ação. Só no silêncio pode nascer a palavra cheia de sentido, que constitui uma riqueza na partilha com o outro. Jesus, Mestre da Palavra, foi um homem de silêncio: viveu trinta anos no silêncio e no escondimento; e, mesmo durante a sua atividade de pregador, procurou reservar momentos importantes para o silêncio e o descanso físico e espiritual. Foi, também, por isso que a sua palavra tinha “autoridade” (Lc 4,32).Palavra Viva
Santo António viveu a juventude e a primeira fase de vida adulta no estudo, no silêncio, na contemplação e no serviço humilde. Só quando o Espírito do Senhor lhe indicou que tinha chegado o momento certo é que, então, se dedicou inteiramente ao anúncio da palavra. Mesmo assim – contam os biógrafos – ele costumava retirar-se em lugares silenciosos para contemplar, rezar e escrever. Foi por isso, também, que a sua palavra foi luz, força e consolação para muita gente. Todos acorriam a ele porque a sua palavra era Evangelho vivo e, se alguém não queria saber disso, eram os animais, como os peixes, a dar-lhe ouvidos!
A mensagem do Santo Padre e a pregação de Santo António podem ser um convite para pôr ordem nas nossas ideias e palavras, oferecendo-nos uns momentos de silêncio e de contemplação para nos reencontrarmos a nós próprios e para encontrar o próximo na verdade. Desta forma, comunicaremos certamente melhor: com mais discrição e essencialidade. http://www.mensageirosantoantonio.comAMAR AOS PÉS DA CRUZ É MAIS BELO E HERÓICO DO QUE AMAR NOS ESPLENDORES DO TABOR.
É ALI QUE SE PROVA O VERDADEIRO AMOR.” (santa Teresinha) DEUS MANDA CHUVA! CHUVA DE TEU ESPIRITO! Vivo com uma confiança: qualquer hora hei de morrer, pois morrendo hei de viver me sustenta esta esperança. SANTA TERESA D’ÁVILA AMA! Me apoiarei em ti, porque tu és fiel! TE ENCONTRO Jesus amado e adorado! Te amo em todos os altares. Te encontro e te busco constantemente. As vezes te escuto nos labios sacerdotais. Outras te encontro nas letras da Santa Biblia, que parecem terem vida! Outras no santo silencio que balbucia o amor a meus ouvidos Muitas vezes te encontro em pessoas que nem dão conta que te espelham, se achando o nada da humanidade! Até no deserto, nos meus medos e incertezas…eu te encontro. Porque estas dentro de mim, pulsando em meu coração. Enquanto meu coração bater, te ouvirei … Afinal minha vida é criação sua… veio de ti, e um dia voltará para ti! (Sol) Francisco, de amor esta ferido! Sua luz em minha escuridão É na noite de minha vida, que te busco Senhor Quando me encontro imergida no medo e na insegurança Quando os amigos se calam… E as respostas se acabam E nenhuma explicação é convincente Todas as palavras parecem não dizer nada É na noite de minha vida Que tenho sede e fome insaciavel de ti Quando mais busco, mais desejo! E quando mais conquisto, mas me perco neste amor inebriante de vida e morte! A vida que encontro em ti, só me pede para morrer sempre mais. Doce amor que me preenche, mas me revela o vazio a minha volta Um sentimento que de tão forte, se mistura nas lagrimas É na noite de minha alma, que te busco, que te encontro que me delicio de sua presença esperando que a lembrança dos momentos de silencio que falaste aos meus ouvidos Não sejam vencidos pelo desanimo e o cansaço Me ensinaste a busca-lo onde deveria encontrar somente o vazio Quando todos estão dormindo, e as luzes são apagadas Seu amor brilha em minha alma sequiosa de ti. o silencio que fala, o deserto que tem perfume de incenso A escuridão que tem luz As palavras que ja não traduzem nada. Percebo minha fraqueza e fecho os olhos diante de tua luz Que tem brilho fascinante. E mesmo na minha impotencia, sua luz teima em brilhar na escuridão de minha alma! (Sol) A alguns anos atras esta frase tem me acompanhado nas meditações, eu a guardei, porem não a entendia. Só hoje depois de tanto tempo, consigo entende-la melhor… pois a tenho vivido. (Sol) “Quanto mais a pessoa se aproxima de Deus, mais profundas são as trevas que sente, e maior a escuridão, por causa de sua própria fraqueza. Assim, quanto mais alguém se aproxima do sol, sentirá, com seu grande resplendor, maior obscuridade e sofrimento, em razão da fraqueza e incapacidade de seus olhos”. (São João da Cruz) Um dos meus projetos…fazer um retiro de silencio. “A purificação que leva a alma à união com Deus, é noite:
– quanto ao ponto de partida, pois a alma priva-se do prazer de todas as coisas do mundo; – quanto ao caminho a tomar – a fé; noite verdadeiramente escura para o entendimento; – quanto ao termo ao qual a alma se destina – Deus; ser incompreensivel e infinitamente acima de nossas faculdades.” “Deus está portanto escondido na alma e ali o há de buscá-lo com amor o bom contemplativo.” O progresso da pessoa é maior quando ela caminha às escuras e sem saber”.
(São João da Cruz)
Comentário ao Evangelho do dia feito porSão Francisco de Assis (1182-1226), fundador da Ordem dos Frades Menores
Paráfrase ao Pai Nosso
«Senhor, ensina-nos a orar» (Lc 11,1)
Santíssimo «Pai Nosso»,
nosso Criador, nosso Redentor, nosso Salvador e Consolador.
«Que estais nos céus»,
nos anjos e nos santos, iluminando-os para que Vos conheçam,
porque Vós, Senhor, sois a luz;
inflamando-os para que Vos amem, porque Vós, Senhor, sois o amor;
habitando neles e enchendo-os com a Vossa divindade
para que adquiram a felicidade, porque Vós, Senhor, sois o maior bem,
o bem eterno, donde procede todo o bem, sem o qual não há bem algum.
«Santificado seja o Vosso nome»:
Que o conhecimento que temos de Vós
se torne, em nós, cada vez mais luminoso,
para que possamos avaliar o comprimento dos Vossos dons,
a largura das Vossas promessas, a altura da Vossa majestade
e a profundidade dos Vossos julgamentos (Ef 3, 18).
«Venha a nós o Vosso Reino»:
Reinai em nós pela graça;
fazei-nos entrar no Vosso Reino
onde enfim Vos veremos sem sombra,
onde o nosso amor por Vós se tornará perfeito,
bem-aventurada a Vossa companhia, eterno o prazer de Vos termos connosco.
«Seja feita a Vossa vontade, assim na terra como nos céus»:
Que Vos amemos sempre de coração pleno,
pensando sempre em Vós,
desejando-Vos sempre, com todo o nosso espírito;
continuamente dirigindo a Vós todas as nossas intenções,
perseguindo apenas a Vossa glória,
com todas as forças, com todo o coração,
com toda a alma, com todo o entendimento, ao serviço do Vosso amor
e de nada mais (Mc 12, 30).
Amemos o nosso próximo como a nós mesmos (Mt 22,39)
atraindo todos ao Vosso amor, como nos for possível,
alegrando-nos com o seu bem como se nosso fosse,
compadecendo-nos com as suas tribulações,
e não fazendo a ninguém ofensa alguma.
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