Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.
São Lucas 5,16
Comentário do dia por Santo António de Lisboa (c. 1195-1231)
Franciscano e Doutor da Igreja
Sermões para o domingo e as festas dos santos
«Jesus estendeu a mão e tocou-lhe, dizendo: “Quero, fica purificado”.»
Oh, como admiro esta mão! Esta mão do meu amado, de ouro engastado de rubis (Cant 5,14). Esta mão cujo contacto solta a língua do mudo, ressuscita a filha de Jairo (Mc 7,33; 5,41) e purifica o leproso. Esta mão da qual o profeta Isaías nos diz: «Todas estas coisas fez a minha mão» (66,2).
Estender a mão é dar um presente. Ó Senhor, estende a tua mão – essa mão que o carrasco estenderá sobre a cruz –, toca o leproso e concede-lhe essa graça. Tudo aquilo em que a tua mão tocar será purificado e curado: «e tocando na orelha do servo», diz São Lucas, «curou-o» (22,51). Estende a mão para concederes ao leproso o dom da saúde. Ele diz: «Quero, fica purificado» e imediatamente a lepra se cura; «faz tudo o que Lhe apraz» (Sl 113B,3). Nele, nada separa o querer do realizar.
Ora, esta cura instantânea opera-a Deus cada dia na alma do pecador pelo ministério do sacerdote. Este tem um triplo ofício: estender a mão, quer dizer, rezar pelo pecador e ter piedade dele; tocar-lhe, consolá-lo, prometer-lhe o perdão; querer esse perdão e dar-lho através da absolvição. Tal é o triplo ministério pastoral que o Senhor confiou a Pedro, quando lhe disse por três vezes: «Apascenta as minhas ovelhas» (Jo 21,15-17).
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Como eu gosto do modo que este ator encenou a pessoa de Jesus nos evangelhos! Acho lindo a amabilidade com as pessoas, a alegria, a amizade!
Bruce Marchiano (foto) é mais conhecido por interpretar Jesus em 1993 “A Bíblia Segundo: Mateus”. O ator de 56 anos, é conhecido como interprete de “Jesus sorrindo”
RECOLHIMENTO E SOLIDÃO
“Recolhimento é o mesmo que a solidão interior. É nela que descobrimos a finita solidão da alma, e a infinita solidão de Deus, vivo em nós. Enquanto esses vastos horizontes não se abrirem ao centro da nossa vida, é difícil ver as coisas em sua justa perspectiva. Os nossos juízos não estão em proporção com as coisas na sua realidade. Mas o homem espiritual, diz São Paulo, julga de tudo. É que ele se separa das coisas pelo desprendimento, a pobreza, a humildade, enfim, pelo seu aniquilamento. Em consequência, vê tudo em Deus somente. E ver assim é julgar como Deus julga.
O recolhimento, pois, nos leva à íntima solidão, que é mais do que o desejo ou o fato de estar só. Não é ao perceber quanto somos nós, que nos tornamos solitários, mas ao sentir um pouco da solitude de Deus. Ela separa-nos de tudo que nos cerca, e, contudo, é ela que em verdade nos faz mais irmãos de todas as coisas.
É impossível viver para o próximo sem entrar nessa solidão. Se tentamos viver para os outros sem primeiro viver para Deus, arriscamo-nos a mergulhar com eles no abismo.”
Homem algum é uma ilha, Thomas Merton (Agir, 1968), pág. 187
SOLIDÃO E SILÊNCIO
O mundo não sabe da solidão e do silêncio. O silêncio desconstrói o mito dialogal humano. O ser humano não é apenas extroversão, comunicação e conexão. Ele é também silêncio, incomunicabilidade e mistério.
Silêncio e solidão nada têm a ver com o quadro psicopatológico. Fuga, paliativo, placebo e panacéia estão desconectados com a realidade do nosso silêncio e recolhimento.
Isolamento por desacertos psicológicos não pode ser tomando como caminho espiritual do silêncio sagrado e fecundo, porque o contexto da solidão está bem acompanhada: da consciência do “eu”, dos santos, dos anjos e da Santíssima Trindade. O solitário e o individualista materialista estão sempre sozinhos e infelizes.
O silêncio e a solidão aqui tratados são na dimensão mística – contemplativa. Caminhamos com ascese e a hesychia (palavra grega para a oração do coração, significando quietude e silêncio).
O exercício do bendito silêncio leva o fim do estiolamento da mente e a limpeza da alma tisnada.
A alma deseja profundamente o mistério, o silêncio para ter mais intimidade com Deus. É por demais dialogante o silêncio da alma.
A belíssima e a grande Santa Teresinha do Menino Jesus dizia:
“Muitas vezes apenas um silêncio sem palavras expressa a minha oração. Deus a compreende”.
Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Faculdade de Teologia de Volta Redonda
Católicos na Rede
Ele, porém, se retirava para lugares solitários e se entregava à oração.
São Lucas 5,16
Cruz madeira